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Escrito por Elias Araújo de Medeiros   
Sáb, 20 de Julho de 2013 01:38


O ano de 1946


Abrindo este parêntese do labor, venho recordar o ano 46, em que principiei viajando por lugares, ainda não visto. Era penoso, caminhar dia calorífero, subindo altas montanhas, sob o pesado volume de 20 kilos.

Para que tanto? Para conseguir com que manter a existência.

Foi este ofício que me manteve durante 5 anos. Palestrando pelas fazendas, ia vendendo miudezas e me conformando com pequeno lucro de (10%) dez por cento.

Nada de extraordinário me sucedeu. Reconhecia, nos meus frequeses, boa atenção, disposição para me servirem com seus próprios bens e assim ia trabalhando com o auxílio de todos conformado com a vontade de cada um.

* * *

Entrando o ano de 1950, do jubileu veio a minha vontade, um desejo de mudar a situação, procurar outra carreira, para isto já havia sido convidado por um autoritário para o magistério educativo. Um tanto duvidoso, experimentarei o qual só consegui passar dois meses e meio, não fui bem aceito pelos alunos e também de minha parte mais depressa afastei-me, sou de cisma por qualquer motivo estou compreendendo boa ou má vontade. Antes que me falem já estou ouvindo embora que não responda. O silêncio é uma dádiva de natureza parece ser inherente a minha pessoa assim passo toda vida desde os 15 anos até hoje não saberei o futuro.

Foi neste ano jubiloso há 1º de novembro que eu me comprometo a casamento com uma moça de 17 anos, jovem simpática e atraente.

Não foi realizado meu intento nesta época devido a seca de 51, que me fez sair para os agrestes afim de procurar meios de subsistência. É no trabalho braçal que eu enfrento todo o inverno o qual foi abundante. Não estranhei a luta pois já conhecia bem e o ganho não podia ser franco pois o lavrador trabalha muito e ganha pouco.

Todo o inverno de 1951, no sertão foi de meter medo, aos sertanejos, pois não produziu recursos suficientes para a criação. No agreste até houve uma safra e a pastagem foi abundante. As enchentes foram assombrosas e estragadoras, se bem que as colheitas tenham sido diminutas.

Relembro a estação invernosa, em que eu passo cultivando a terra, em companhia de pessoas incultas e licenciosas.

Estas me tratam com boas maneiras, se bem que eu as censure raras vezes e aconselho a não falarem imoralidade tão amiudadamente.

São as peripécias do inverno, as frieiras, os mosquitos, as chuvas e terçóis que em mim ficaram na lembrança.

Do fim de abril até meados de agosto, todo meu trabalho é braçal, só então, é que o Sr. João Clementino me consulta para abrir uma aula em sua residência para educação dos jovens vizinhos parentes e amigos.

Esta iniciei a 4 de setembro, em número de 32 alunos, termino os últimos meses do ano.

Era o salão da escola ocupado por alguns tambores e dois silos. Mesas improvisadas diariamente pelo professor postas sobre os tambores e um banco de reserva para levar da sala de jantar e trazer, mesmo pelo docente da escola.

Este salão é ocupado por minha rede durante a noite, sendo de dia afastada para não impressionar os discípulos. Certos incômodos vieram me perseguir, como as pulgas abundantes, miôtos raramente deixando uma coceira que fazia nos encaroçar. Os meninos deixavam escapulir queixas daqueles insetos como era de se esperar.

Autorização para castigar qualquer que fosse todos os pais me recomendaram, se bem que poucas vezes tenha me servido da boa palmatória. O lucro que for mim havia sido exigido de Cr 5,00 mensalmente por cada aluno, a refeição por conta da casa e o meu auxílio nas horas vagas.

* * *

A distância me separa do meu querido Colégio, mas viverá para sempre no meu coração a gratidão, o amor e a minha imorredoura saudade.

* * *

A vida só é bem vivida quando se tem um ideal.

* * *

Vem para a solidão, e eu falarei ao teu coração.

* * *

Fulana tenha diante dos olhos, quem o tem no coração.

Com todo amor oferece.

F.M.

Caderno para grego

Firmino Medeiros

Última atualização em Sáb, 20 de Julho de 2013 21:36