O padre Guerra e outros Mestres Imprimir
Escrito por Luis Gonzaga de Medeiros   
Qui, 02 de Fevereiro de 2012 00:51

O processo educativo sempre foi marcante na formação dos caicoenses. O homem continuamente buscava conhecimentos tentando de alguma formar, aperfeiçoar seu "modus vivendi".

Embora estivesse longe dos grandes centros culturais do País, Caicó, sentiu, desde cedo, a necessidade de comunicar-se com outras comunidades, despertando para a importôncia da educação no progresso socio-econômico de um povo.

Baseado na lei imperial de 15 de outubro de 1827, o Conselho de Província criou 18 escolas de primeiras letras no Estado. O critério de distribuição foi avaliado de acordo com os centros mais populosos. Seis anos depois, criou-se na antiga Vila do Príncipe a primeira escola oficial, em 14 de setembro de 1833. Portanto, desde muito cedo, a educação marcou presença nos longínquos vilarejos do Seridó.

Mestres-escolas exerciam sua sublime missão, contratadas pelos fazendeiros, dirigindo escolas móveis, e particulares, não esmorecendo perante nenhum obstáculo.

Enquanto o Império enfrentava mínimos problemas com a educação, em Caicó havia uma escola de latim. Foi assim que muitos de seus filhos conseguiram lugar de destaque nas letras e nas artes, tanto no Estado como em todo o País, entre eles: Amaro Cavalcanti, José Bernardo de Medeiros e José; Augusto Bezerra de Medeiros.

Entre os grandes nomes que fizeram os primórdios da Educação no Seridó, estão os mestres Francisco Brito Guerra, Joaquim Apolinar e Pedro Gurgel.

O primeiro parlamentar do Rio Grande do Norte a ocupar uma cadeira no Senado, Padre Francisco de Brito Guerra, nasceu a 18 de abril de 1777, na Fazenda Jatobá, em Augusto Severo. Veio muito jovem, 25 anos, para Caicó, onde se radicou e naturalizou-se pelos laços do coração. Foi nomeado vigário encomendado da freguesia de Sant'Ana em 1802, ano em que celebrou sua primeira missa em Campo Grande, hoje Augusto Severo.

Uma das suas primeiras preocupações ao chegar a Caicó, foi criar uma escola de latim, de monstrando dedicação irrestrita á causa da educação. Manteve esta escola por mais de 30 anos, afastando-se de suas atividades por motivos de saúde.

Os benefícios desta escola de latim atingiram outros recantos do País. Vários alunos de Estados vizinhos, até lá chegaram para aprimorar seus conhecimentos, não só de latim, como também de outras disciplinas escolares.

O Padre Guerra ministrava gratuitamente e ainda hospedava os alunos mais carentes que, vindos de Estados vizinhos necessitavam de acomodações. Entre seus educandos, destacaram-se Amaro Cavalcanti e seu irmão Padre João Maria, venerado pelos norte-riograndenses; Dr. João Valentim Dantas Pinagé (1º. juiz de Caicó), Luiz Gonzaga de Brito Guerra, os Padres Tomaz de Araújo, Joaquim Félix de Medeiros, Crispiniano Galvão, Justino, José Modesto, Gil Braz Fernandes e Manoel Fernandes.

Sobressaíram-se também seus sobrinhos Joaquim Apolinar, grande Professor e seu sucessor, e Manoel Alexandre.

Teve participação ativa no desenvolvimento político do Estado. Vinte e nove anos após sua chegada a Caicó, assumiu a suplência de Deputado. No período de 1834-1837 elegeu-se novamente deputado, não chagando a concluir seu mandato, pois, no último ano assumiu a senatoria depois da morte de Afonso de Albuquerque Maranhão.

Cinco anos após a implantação da lei imperial de 1827, quando em nossa província foram criadas 18 escolas, surgiu em 14 de novembro de 1832 na antiga Vila do Príncipe, a primeira escola oficial.

A direção coube a um jovem mestre, que com apenas 20 anos mereceu por seus méritos, a confiança de seu tio, o Senador Guerra. Era o Prof. Joaquim Apolinar Pereira de Brito, nascido a 22 de julho de 1816. toda sua vida foi dedicada ao magistério. Falelceu em 1880 com 64 anos.

Outro mestre de relevante importância para a educação dos filhos do Seridó, foi Pedro Gurgel que, seguindo o exemplo de seus antecessores, consagrou toda sua existência à nobre causa da instrução.

Diplomou-se em 04 de abril de 1898, no curso pedagógico, no Atheneu Norte-riograndense. Foi o primeiro diretor do Grupo Escolar Senador Guerra, fundado em 1909. Lecionou ainda na Escola Noturna da Matriz de Sant'Ana e durante muitos anos manteve um curso particular gratuito. Faleceu quatro dias após ter requerido sua primeira licença do magistério, atividades ininterruptas por 19 anos, em 1918.

Mestres Oficiais:

Apesar de todo empenho dos dirigentes, a causa da educação caminhava precariamente. Fatos como a não preparação técnica dos mestres, a dificuldade de locomoção dos professores mas também dos alunos e a condição social, muito contribuiram para a lentidão do processo educacional. Mesmo com a implantação do sistema disciplinar Joséph Laucaster e a metodologia do "Modo Mútuo", do pedagogo inglês, André Bell, os resultados não atingiram a meta esperada.

Treze anos após a criação da lei das escolas rudimentares, informa Basílio Quaresma Torreão, em 2 de fevereiro de 1835, que existiu em nossa província, 22 aulas para meninos e 3 para meninas, uma delas localizava-se na Vila do Príncipe. Registra-se o nome do Mestre Matheus Antônio Vianna.

No período de 1858 a 1867 consigna-se os professores Raphael Archamjo, Maria da Fonseca e D. Francisca.

Maria da Assumpção Fonseca.

De 1874 a 1875, os educadores oficiais foram Francisco Lustosa Cabral e D. Isabel Vieira.

Na Vila do Príncipe, de 1882 a 1883, existiam apenas duas escolas, sendo uma para cada sexo. Nesta época, além de Leônidas Monteiro de Araújo e D. Maria Manoela de Castro, continua a nobre missão de educar o Prof. Francisco Lustosa Cabra;.

Outro fato considerado como um dos responsáveis pelo esvaziamento dos bancos escolares, foi a grande seca do Nordeste em 1877.

Após cinquenta anos de existência da Lei Imperial que criou escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e povoados, existiam em todo o Império apenas 94 escolas públicas. Estes foram os mestres do período monárquico: Joaquim Manoel da Silva, João Onofre Pinheiro, Leônidas Monteiro de Araújo, Tereza Maria de Jesus, D. Maria Leopoldina de Britto Guerra, D. Maria Cartola Melchiades de Oliveira Castro.

Com a nova reforma geral do ensino, implantada pelo regulamento n.o 18 de 30 de setembro de 1892, pelo governador constitucional Dr. Pedro Velho, ficou assim constituído o primeiro magistério estadual do período republicano: Manoel Hypolito Dantas e D. Maria Leopoldina de Brito Guerra.

Última atualização em Qua, 31 de Julho de 2013 13:10